Floresta da Malévola

Uau! Isso é muito profundo Nox

Concordo com a Heide. Não esperava por essa preocupação toda, Nox. A propósito, você está muito bem nessa forma.

Preciso acordar logo.
Preciso acordar logo.
Era o que eu repetia para mim mesma cada vez que eu adentrava mais aquela floresta sombria atrás do coelho branco que aparecera no meu quarto. Sim, um coelho branco. Não sei o que dera na minha cabeça pensar que seria uma boa ideia seguir um coelho até... Sabe-se lá onde eu estava. Afinal de contas, quem eu era, Alice? Não, da última vez que eu checara eu me chamava Lauryn. Lauryn é muito diferente de Alice.
Cada pelo dos meus braços se arrepiava ao ouvir o som do vento acariciando as árvores. Não é que eu tivesse medo do escuro ou coisas assim, pelo contrário, até gostava, acontece que eu tinha medo de florestas. É uma longa história, mas o que importa agora é que não gosto nadinha. 
Eu devia ter ignorado aquela minha maldita curiosidade, meu namorado sempre disse que ela um dia me deixaria em uma enrascada e olha só, ele estava certo, de novo. Queria estar com meu celular para mandar uma mensagem brigando com ele por sempre estar tão certo ao meu respeito, mas infelizmente deixara-o carregando na minha confortável cama.
Estava tão ocupada divagando que mal percebi uma figura humana encostada em uma árvore. O homem não parecia ser muito mais velho que eu, mas havia uma carranca de preocupação que jovens não costumavam ter, embora isso não impedisse dele ser bonito. Bonito de um jeito melancólico, afinal, parecia que ele sugava toda luz ao redor, não que houvesse muita. Já falei o quão macabra aquela floresta era? Não? Ela era muito macabra. Ignorando novamente a prudência, eu chamei a atenção do rapaz lhe fazendo uma pergunta não convencional para iniciar uma conversa no meio de uma floresta, uma floresta bem macabra:
-Por um acaso você teria um celular que eu possa usar?

Escuridão escreveu:

Heide_Castiel escreveu:

Uau! Isso é muito profundo Nox

Só não mais que as trevas ao meu redor.

Imagino, porque, afinal de contas, você é a própria escuridão, não é?

Não sei o quanto corri ou por quanto tempo. Procurei os lugares mais vazios no palácio para minha fuga, até encontrar uma saída. Isso deve ter levado algumas horas, pois já estava exausta quando saí do castelo. Minha mente implorava para descansar, o que me levou ao ato de caçar um local isolado e respirar um pouco. Eu precisava de água, mas não sabia se podia contar com alguém lá. Pela vista, entendi que havia uma floresta ali perto, entretanto, o medo me impedia de sair do esconderijo. Impedi-me de ficar com raiva de mim mesma com a minha falta de criatividade naquele momento, mas eu estava numa situação de pavor e meu instinto não estava ajudando. Foi quando avistei algumas pessoas saindo por uma ponte. E não eram poucas. Meus olhos identificaram alguns trapos jogados perto de mim e eu tive uma ideia. Vesti-os rapidamente, peguei um balde e coloquei vazio na minha cabeça. Como já dito, eu não podia contar com a ajuda da minha intuição. Estava por conta própria. Então me juntei áquelas pessoas e saí da fortaleza. 
Alguns metros depois, pelo canto do olho, vejo um portão enorme. Os serviçais não estavam indo para lá. Ninguém estava. Mas o portão estava aberto. Eu não sabia nada daquele reino estranho e tratei de inventar a melhor mentira possível. Hm, isso aqui deve ser governado por algum tipo de monarquia... mas não sei quais os membros dessa família real, ou se há algum. Talvez seja apenas um regente. Então, o que eu poderia dizer? Caminhei até o portão, deixando o balde de lado e me escondi para me desfazer dos trapos. Peguei algumas pedras e atirei a uma distância segura, enquanto fazia uma pequena bagunça num outro local para atrair outro gaurda, simulando sons de ataque. Quando os guardas foram ver o que estava acontecendo, saí pelos portões e voltei a correr.

Depois que as palavras saíram da minha boca, me senti um esquilo estúpido. Não que esquilos sejam estúpidos, mas eu definitivamente sou. O cara parece concordar comigo quando dá uma risada debochada e quase me sinto constrangida.
Quase.
A versão emo sombria de um ator Hollywoodiano cujo nome não me vem a cabeça parada à minha frente devolve minha pergunta impensada com uma pergunta realmente relevante, se eu sabia onde estava.
Paro pra pensar como diabos eu sai andando do meu quarto, em um apartamento no centro de Camberra, e vim parar numa floresta sombria e macabra? 
-Eu espero que esteja em um pesadelo - respondo cruzando os braços tentando fazer uma pose de durona, que não durou muito ao ouvir pássaros crocitando numa árvore bem próxima como um presságio e eu estremeci.  Um pesadelo que está prestes a se tornar ainda mais macabro.
Agora seria uma boa hora para minha irmã me acordar me sacudindo reclamando que estou "falando dormindo de novo" e eu percebo que mais uma vez dormi em cima dos livros.. Mas isso não acontece.